

SOB O TOQUE DA FÉ
Sou Mariana Seixas, tenho 32 anos, fotógrafa de terreiro há cinco anos e associada ao Click Bahia Fotoclube.
A fotografia que apresento mostra um close das mãos de uma pessoa posicionadas à frente do corpo, os dedos entrelaçados com suavidade, em um gesto que parece prece.
A pele negra contrasta com o branco da roupa, que serve de fundo sereno para os fios sagrados que cobrem o peito.
São colares de contas do Candomblé, predominantemente azuis, com pequenas miçangas douradas intercaladas.
Entre eles, cordões de fibras naturais trançadas se misturam aos búzios brancos, dispostos em intervalos regulares.
Na parte inferior, uma borla de palha trançada pende com leveza, finalizando o conjunto com textura e movimento.
A luz natural revela o brilho das contas e o trançado da palha, acentuando cada detalhe com delicadeza.
Não se vê o rosto, apenas o gesto — a fé manifestada pelo toque, onde o corpo encontra o sagrado em silêncio.
Fotografar este instante foi, para mim, um ato de reverência e escuta.
Senti que cada detalhe, o entrelaçar dos dedos, o peso suave dos fios, o silêncio, carregava uma história de ancestralidade viva.
Essa imagem me atravessou como um lembrete de que a fé não está apenas nos rituais, mas também nos gestos pequenos, nos toques que ligam o humano ao divino.
É uma fotografia sobre presença, sobre o sagrado que pulsa na matéria e sobre o respeito de quem, atrás da câmera, também se curva diante do axé.
Mariana Seixas
Sócia em atividade
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Associada desde: 09/2025
Sou Mariana Seixas, fotógrafa de terreiro desde 2020, do axé e das artes.
Formada em Arquitetura e Urbanismo (2015), aprendi a ler a luz, a forma e o espaço como poesia visual. Na fotografia, encontrei o desdobramento natural desse olhar: transformar sentimento em imagem, fé em memória.
Meu trabalho nasce da força ancestral do terreiro, onde aprendo e reverencio o sagrado.
A fotografia, para mim, é extensão da fé, uma forma de preservar memórias, valorizar tradições e dar corpo ao invisível que pulsa nas histórias e gestos do axé.
Mais que registro, é testemunho e celebração.
Cada imagem é uma oferenda em forma de luz, um ato poético, político e de resistência, um convite para enxergar o sagrado que habita em nós.





